quarta-feira, 25 de setembro de 2013

SERA MESMO QUE NUNCA VAI ACONTECER COM A GENTE?

Sempre que entrava em um hospital evitava passar pela parte oncológica, na verdade só o nome me causava repulsa. Radioterapia então, pra mim, era usar o rádio como terapia e era isso que eu fazia até então.
Ontem passei pela minha primeira consulta no radioterapeuta, um senhorzinho fofo e querido que me fez rir, fez uma consulta que acho que desde a época em que eu ia ao pediatra não faziam em mim (com direito a "martelinho" de bater no joelho) e me deu boas notícias com relação ao tratamento.
Ele entrou na sala, olhou para minha cara e soltou "cade sua cara de doente?" (isso vai dar outro post, aguardem)
Depois de uma longa conversa, depois de ler todos os exames olhou nos meus olhos e disse "todos os procedimentos que você fará daqui para frente é só para completar o tratamento mas vou te falar uma coisa que quero que leve muito a sério, você não é mais uma pessoa doente"
Felicidade define, segunda vez que ouço isso após a cirurgia.
Bom, mas na verdade o que fez com que eu escrevesse esse texto foi um pensamento que me ocorreu enquanto estava na sala de espera: "quando na vida imaginei que estaria na sala de espera de um radioterapeuta?"
A partir dai varias coisas vieram na minha cabeça, tanto ruins como boas, que nunca achamos que vai acontecer conosco: ser assaltado, ter um câncer, ganhar na loteria, dar a luz a quíntuplos.
É engraçado como o ser humano está cada vez mais evoluído mas ainda se surpreende com as situações da vida, como nunca está preparado para nada que aconteça e que o tire da zona de conforto, como sempre vai acontecer somente com o vizinho.
Ja passei pela consulta com o radioterapeuta, em breve com o oncologista, quem sabe o próximo evento para o qual não estou preparada seja ganhar na loteria ... afinal isso também pode acontecer comigo.

domingo, 22 de setembro de 2013

A INTERNET A FAVOR DO AMOR E DA CURA

Eu sou um pouco (muito) viciada em internet, principalmente em twitter (me segue la: @renatinhabitt, mas ja aviso que só falo besteira e "umas verdades") e só posso agradecer porque esse vício tem ajudado muito no meu tratamento.
Claro que antes preciso deixar registrado que os que hoje são meus maiores amigos sairam da telinha do computador, talvez por isso que goste tanto desse mundinho virtual. Também tenho conhecido muita gente do bem, inteligente, engraçada e afim de mudar o mundo ... (essa é pra galera do twitter)
Bom, falando sobre o meu tratamento, acho que ja comentei aqui que só usarei essa ferramenta de forma positiva, quero me aproximar de pessoas que ja passaram, ou estão passando por isso e passar longe de diagnósticos e estatísticas, por isso vou usar o blog para apresentar outras pessoas guerreiras que estão tornando meu caminho mais leve.
No dia do meu diagnostico, não por acaso, assim que entrei na net vi uma reportagem com uma "tal" de Flavia Flores na revista TPM , a partir dai posso dizer que mudei minha forma de pensar e encarar o que estava por vir.
Encontrei a fanpage da Flavinha no facebook e pronto, posso dizer que recuperei a auto-estima que havia perdido mesmo sem saber da doença.
A fan page "Quimioterapia e Beleza" tem feito maravilhas na vida de muitas mulheres que estão passando pelo cancer de mama (e outros tipos também).
A Flavia ta bombando Brasil afora e além de linda é uma pessoa querida, fofa de verdade.
Vale muito a pena conhecer o trabalho que ela esta realizando e o quanto ela esta ajudando muita gente através da sua historia de vida.
Eu posso dizer que a Flavia me levantou antes mesmo de eu cair.
Em breve vou falar do livro dela por aqui, pq sim logo logo Flavinha estará bombando nas melhores livrarias do país.
Obrigada de coração minha linda


 (tem como não acreditar que tudo vai dar certo diante desse sorriso?)

terça-feira, 17 de setembro de 2013

NOTÍCIAS DO MUNDO DE CÁ

Estava devendo um post sobre a recuperação né?
Pois é, to aqui em casa assistindo "O cravo e a rosa", e tals ...
Já são 15 dias da cirurgia e embora ainda com pontos e com licença médica de mais 15 dias, estou mega bem.
Ja passei duas vezes pelo cirurgião plástico que disse que minha recuperação está indo super bem e hoje fui na mastologista pegar o resultado da biópsia, mas vamos por partes:
Os primeiros dias pós cirurgia não foram os melhores, doeu um pouco, principalmente,as costelas. Dormir foi algo complicado pq se ficava muito baixa doia o peito, se levantasse demais doia o pescoço, não podia virar de lado pq o "silica" incomodava e dormir de barriga pra cima doia as costas. Hunf.
Mas isso não durou mais que uma semana e o que incomoda e dói não é a cirurgia em si, e sim a parte estética e a dificuldade de adaptação ao silicone.
Aliás quem tem prótese nos dois seios esta de parabéns, eu não aguentaria (e não vem falar que não dói pq dói sim, e incomoda)
Uma das coisas que ainda não faço direito, e ja estou desesperada para, é tomar um banho descente.
Como ainda não to liberada para erguer o braço direito e de preferencia mexe-lo o menos possível, minha mãe ta me ajudando mas preciso passar essa fase e ficar 2 hs debaixo do chuveiro (desculpa ai natureza mas é por uma boa causa)
Andar de carro também é meio desconfortável visto que o asfalto de São Paulo não colabora.
Ver as cicatrizes (sim, mais de uma) a primeira vez me chocou um pouco mas agora elas ja estão ficando mais discretas, bonitinhas.
Mas tudo isso que estou relatando é bem leve viu gente, nada exagerado.
Foca no resultado que isso é fichinha!
Outra coisa, o senhor cirurgião fez um trabalho maravilhoso, de verdade. A reconstrução ficou perfeita e ele deixou os dois peitos do mesmo tamanho. Show!
Agora a melhor parte, a visita à mastologista.
Entro no consultório e escuto:
"Vamos la menina, temos ótimas notícias"
E são mesmo, as melhores: área retirada esta com uma boa margem de segurança, sem metástases e bicho classificado em nível I (numa escala que vai do I ao IV)
Sabe o que é felicidade de verdade? O que estou sentindo hoje.
A doutora fofa mastologista disse com todas as letras: "Você sabe que ainda temos cinco anos pela frente e que ainda temos os tratamentos auxiliares, mas hoje, do ponto de vista clínico, você está curada"
O que mais dizer nessa hora além de "obrigada Deus" ?
Agora vou para a radioterapia pois como não foi preciso a mastectomia radical (retirei o quadrante doente), desde o início ja sabia que seria necessário.
Em 10 dias sai o exame histoquimico que é o laudo que vai direcionar o oncologista sobre os outros tratamentos para matar de vez o intruso.
A masto é super a favor da quimioterapia e eu também. Nunca tive medo dessa parte do tratamento, não sou apegada ao meu cabelo então a parte do ficar careca não me incomoda (pelo menos assim, na teoria) por mais doido que isso possa parecer. O que eu quero é ficar livre disso tudo o mais rápido e completamente possível.
Bom, essa foi minha segunda vitória e queria compartilhar com todos, principalmente para deixar claro que sim, a cura chega.

(esse girassol foi presente da mãe pra comemorar mais uma vitória)

sábado, 14 de setembro de 2013

ANJOS NO CAMINHO (PARTE 2)

Acho super importante deixar claro que nesse caminho de dúvidas, medos e incertezas, por mais que as vezes a gente se sinta sozinha na multidão, estamos cercados de gente do bem, dispostas a nos ajudar.
Ja ouvi de muita gente que ja passou pelo perrengue do cancêr dizer que os profissionais envolvidos são mais humanos, são mais solidários e positivos.
Comigo não esta sendo diferente desde antes do diagnóstico.
Um anjo que Deus colocou no meu caminho e que, olha, foi anjo mesmo, é a secretária da minha mastologista.
Quando a minha gineco falou que eu precisava procurar um mastologista e eu descobri que não dava pra pagar 500 verdades na consulta do que ela havia me indicado ja que ele não atende por plano de saúde fui no livrinho do plano mequetrefe e separei o nome de mastologistas mulheres. Podia ser qualquer uma que atendesse no centro, na zona oeste ou norte de São Paulo afinal eu não tinha nada então pra que me preocupar, né?
Liguei para umas cinco e consulta só para agosto (estava em junho ainda). Adivinha quem foi a ultima da lista? Sim, minha masto maravilhosa.
Primeira consulta só para agosto. Desespero. Cinco minutos de lucidez, e se eu tiver alguma coisa?
Não posso esperar ...
Conto minha historia para a secretaria: "então, to com um nódulo no seio e minha gineco me encaminhou para o mastologista porque ja fiz dois exames que não deram bons. Não posso esperar até agosto. To com medo (voz de choro)"
Ai começa minha relação de amor e confiança na secretaria:
" Calma, eu não tenho horário mas eu vou ver o que eu faço"
"Tenta um encaixe, por favor. Eu fico o dia todo esperando"
(só para deixar claro, eu podia ter "batido esse sincerão" com qualquer outra secretaria mas só com essa tive vontade, as outras simplesmente agradeci e desliguei o telefone)
"Me liga sexta feira (era uma quarta) que eu vejo se abriu alguma coisa para a pro ... espera, vem terça as 10 e 20, eu dou um jeito, você não pode esperar"
Preciso dizer mais alguma coisa?
A partir dai começou minha rotina de exames, dúvidas, medo mas sempre sendo super bem recebida por esse anjo.
Hoje eu ligo la e ela me conhece pela voz.
Não sei no que vocês acreditam mas esses encontros alimentam minha fé de que esta tudo indo no caminho certo.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

DOENÇA DA ALMA X DOENÇA DO CORPO

Ontem depois que a imprensa divulgou o suicídio de mais um jovem talento da música li muitas opiniões sobre o assunto e uma delas foi "não consigo entender como alguém tira a própria vida quando existem várias pessoas com câncer lutando para viver"
Durante muito tempo eu pensei isso também,principalmente quando comecei a fazer serviços voluntários com crianças com câncer. Era inconcebível, pra mim, como uma pessoa podia acabar com sua vida enqto aquelas crianças estavam la brigando para conseguir ser "gente grande".
Quando comecei a me interessar mais pela mente humana comecei a mudar meu modo de pensar.
Um dia me coloquei no papel de um suicida e pensei se teria coragem. Isso, coragem.
Quando essa palavra passou pela minha cabeça automaticamente mudei do pensamento que o suicida é um covarde para "é preciso ser muito corajoso para dar fim a tudo".
(antes que alguém pense alguma merda a meu respeito: sou cagona a beça.)
Até que no ano passado perdi uma amiga linda, inteligente, profissional de primeira e (externamente) alegre.
Ela era enfermeira, cuidava das dores do corpo mas tinha dores na alma, que nem sempre deixava transparecer (eles quase nunca deixam)
Mais um ponto para eu mudar minha opinião sobre o assunto.
Agora me encontro nessa situação de "dores do corpo" e finalmente entendo que as dores da alma matam bem mais.
Se você pegar o histórico de doentes oncológicos vera que na sua grande maioria todos tem fé, sonhos, perspectivas e isso os impulsionam pra vida. O doente da alma ja perdeu tudo isso...
Embora a saúde externamente pareça estar perfeita acabaram-se a fé, os sonhos, não existe mais perspectivas e isso tudo "justifica" o fim.
Infelizmente a maioria das pessoas ainda encaram depressão como frescura, não enxergam os pedidos de ajuda (ate pq eles não são claros).
Hoje eu entendo que a doença da alma mata mais que a doença do corpo, principalmente pq ainda não estamos preparados para entende-la

Achei bem interessante esse artigo que saiu na Folha, sinal de alerta
http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2013/09/1339520-humberto-correa-combater-o-tabu-para-evitar-o-suicidio.shtml

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

TA NA HORA,TA NA HORA (OU MAIS UMA ETAPA VENCIDA)

Fiquei um pouco ausente porque estava maneta: repouso, silicone, cicatriz, pontos mas agora voltei e vou contar um pouco de como foi o dia da cirurgia.
04/09/2013, o meu evento do ano.
O dia começou mega cedo pois precisei ir no laboratório de medicina nuclear fazer linfocintilografia para detecção do tal linfonodo sentinela
Claro que cheguei apreensiva mas me fez um bem danado estar la antes da cirurgia, conheci sete mulheres entre 30 e 80 anos que iriam fazer a cirurgia naquele dia. Todas tranquilas, falando sobre a vida e não muito preocupadas com a doença, parecia um chá da tarde.
Fui chamada para fazer o exame. Primeiro aplicação de uma injeção totalmente indolor guiada por mamografia, depois a enfermeira veio fazer massagem para o líquido subir para a axila e pronto, bora pra máquina fazer as imagens mas obvio que o meu líquido não subiu, as imagens não puderam ser feitas logo de cara e tive que tomar uma nova injeção. Dessa vez foi na aureola e doeu pra cacete (mulheres devem saber o grau da dor, para homens, digamos que seja a mesma sensibilidade que vcs tem la embaixo) mas dessa vez deu tudo certo.
Final de exame, bora pro hospital. Eu estava estranhamente tranquila, nem me reconhecia.
Internei por volta das 12:30hs e a hora não passava.
Jejum desde às 08:00hs (sólido e líquido) e só as 16:00hs o cirurgião chegou para fazer as marcações no meu peito. Ja estava tensa pq meu psicologico estava preparado para operação às 16hs e ja havia passado 1:30hs quando foram me buscar para o centro cirúrgico.
(Ai bateu tristeza pq pensei na minha mãe se despedindo de mim e lembrando que a ultima vez que vimos meu pai com vida foi quando ele foi levado ao centro cirúrgico.)
Mas vamos falar de mim: dessa vez o avental era mais bonitinho, era desenhadinho e o enfermeiro que me levou para a salinha do bem (ou do mal) era gente boa pra caramba.
Ele ligou o motorzinho da maca e fomos passando por corredores estreitos, com subidas e descidas. Me senti num trem fantasma antes de chegar na mesa cirúrgica, foi divertido.
Lembro de ter falado com minha masto, com o anestesista gato (de vdd gente, gaaaato) e cataploft, acordei escutando que não foi preciso colocar dreno e brigando com o enfermeiro que disse que não tinha como eu fazer xixi sentada porque eu estava com sonda "mas moço você não esta entendendo, eu preciiiiiso fazer xixi sentada"
Voltei para o quarto às 22:30hs e disse minha tia que dei maior chilique pq a TV estava ligada no Ratinho e eu não queria assistir aquela bosta (na hora que fiquei sabendo disso fiquei preocupada se fui operada do peito ou da cabeça, afinal, como eu , Renata, a rainha da cafonice, reclamando do Ratinho?)
Liguei para algumas amigas que ja conhecem minha voz quando estou bebada (Su, Pati Guedes, "tamo juntas"), para minha avó e dormi super bem dentro das condições que me encontrava.
No dia seguinte, às 11hs, a visita que eu tanto esperava, dr. cirurgião me dando alta e me dando a melhor noticia possível: linfonodo sentinela negativo e sem esvaziamento axilar, uma etapa ultrapassada.
Minha experiencia cirúrgica foi positiva, estive cercada de carinho dos profissionais do hospital Osvaldo Cruz (recepcionista, enfermeiras, médicos) e de amor da família e amigos.
Após isso casa, repouso, braço sem mexer, faniquito por ter que passar final de semana em casa, noites mal dormidas pq odeio dormir de peito pra cima, antibiótico, anti-inflamatório, dipirona, Candy Crush, visita de pessoas queridas, ligações e comida + comida + comida.
Hoje, dia 09, fui ao cirurgião trocar o curativo e minha recuperação esta indo super bem.
Agora posso voltar a digitar mas ainda não posso levantar o braço.
Mãe, você ainda vai ter que continuar me dando banho. 




domingo, 1 de setembro de 2013

FLUOXETINA - AMOR ETERNO, AMOR VERDADEIRO

Eu sempre fiz terapia, aliás digo que todo mundo deveria fazer pelo menos uma vez na vida.
Comecei com a holística, cromoterapia, reiki, florais, que aliás foi muito importante pra despertar esse dom em mim e depois comecei a fazer terapia com psicólogos. Foram novas descobertas e é bem legal cuidar da mente e espírito, super recomendo.
O que me levou para a terapia a primeira vez foi minha ansiedade incontrolável. Ansiedade que me tira a fome, me da dor de estomago e solta meu intestino mas sempre fui contra tomar remédio para controla-la.
Me mantive "controlada" com os caminhos que optei para cuidar disso, cheguei a fazer acupuntura mas nunca me rendi aos remédios.
Até que com a chegada do bicho fui obrigada a rever meus conceitos.
Na espera sem fim pelo resultado da biópsia foram 5 kg perdidos (ja contei aqui). Vomitar antes de um simples exame de ultrassom, vomitar apenas por pensar besteira ... percebi que meu controle ja tinha ido pro beleléu.
Comecei fazer terapia mas não tive dúvidas em procurar um psiquiatra, afinal se continuasse sem comer e vomitando eu ia definhar e não posso pensar em fraquejar.
Bom, ai entra minha nova paixão: a Fluoxetina.
Ou vocês acham que toda essa minha "calma" e bom humor para levar o assunto é porque sou uma pessoa espiritualizada, conformada e os cambau? Certeza que o remedinho ta fazendo bem o seu papel.
Feedback pós fluoxetina:
- Psicologa: "nossa Re, vc parece outra pessoa sabe. Nem um mês do seu diagnóstico e vc esta super bem"
- Mastologista: "nossa Renata, hj vc esta bem mais legal (acho que ela não gostou de mim), pq nas outras consultas ou vc chorava ou desembestava a falar e não prestava atenção em mim"
- Chefe: "a Renata que saiu daqui pra pegar o resultado dos exames não é a mesma de hoje, parecem duas pessoas diferentes"
E por último o psiquiatra: " vc opera daqui um mês?"
                                        "não doutor, daqui uma semana"
                                        " o que, uma semana (cara de espanto)? Tem certeza? Essa Renata aqui na minha frente é a mesma que eu to lendo aqui no computador?

Então, pois é ... me apaixonei pela Fluo <3